domingo, 24 de novembro de 2013

SEÇÃO SEIS – O MUNDO INFERIOR





PASSEIO GUIADO PELO MUNDO INFERIOR por Nico di Angelo

“Oi! Bem-vindos à casa de meu pai. Meu nome é Nico di Angelo e sou filho de Hades. Deixem-me mostrar o lugar...
Vocês conheceram Cérbero quando entraram, certo? Bom cão de guarda, né? Ninguém passa por aquelas três cabeças sem uma escolta oficial. Este caminho leva diretamente ao Pavilhão dos Julgamentos. Ignorem essas figuras silenciosas que estamos atravessando – elas estão mortas, não podem incomodar vocês. Reparem na grama e nas árvores negras e bizarras que temos aqui nos Campos de Asfódelos, e não deixem de ver as estalactites impactantes – é o que vai acontecer se uma delas se partir e empalar vocês!
Certo. É para este pavilhão que todos os que foram mortos há pouco tempo precisam ir: como diz na faixa, eles estão aqui para os JULGAMENTOS PARA O ELÍSIO E PARA A DANAÇÃO ETERNA. Pobres coitados! Mas a tenda preta é legal né?
Vamos entrar para ver o que acontece depois que eles são julgados. Aquele caminho à esquerda leva direto aos Campos da Punição – o nome já diz tudo. É ali que meu pai testa suas novas ideias para castigos, mas ele fala que os tradicionais ainda são os que funcionam melhor: as correntezas de lava, os campos minados cheios de surpresas explosivas, queimas preso a uma estaca, correr pelado por um campo de cactos... o que vocês imaginarem nós temos aqui.
Se alguém não estiver se sentindo muito bem, é melhor se sentar neste banco aqui e colocar a cabeça entre as pernas até a náusea passar.
Agora vamos dar uma olhada no destino do caminho à direita... este deve ser mais agradável para vocês, que estão vivos. Do outro lado destes portões fica o Elísio, para onde acho que todos vocês querem ir algum dia. Temos bairros de todas as épocas da história, o que quer que seja, nós temos: romanos, medievais, vitorianos. Vejam as flores de ouro e prata – melhor do que lá em cima, aposto. E churrasco o ano todo – não tem como ser ruim.
Estão vendo aquele lago azul e reluzente ali no meio, com as três ilhotas? Aquelas são as Ilhas dos Abençoados – as pessoas que vão para lá escolheram renascer três vezes e, em cada uma delas, chegaram ao Elísio. Aposto que vocês não se importariam de se unir a esse pessoal. Sejam corretos e firmes, é o que eles dizem. Dá para ver como é difícil fazer isso – reparem em como o Elísio é minúsculo em comparação com os Campos de Asfódelos e da Punição.
Agora vamos embora daqui. Vou levá-los ao palácio de meu pai. Estão enxergando aqueles parapeitos pretos no horizonte? É para lá que estamos indo. Apertem o passo! Essas três criaturas parecidas com morcegos que estão voando em torno de vocês são as Fúrias – é melhor não deixá-las de mau humor.
Ninguém segue por aquele caminho à direita. Isto é, a menos que queira fazer uma visita não programada ao Tártaro.
Agora chegamos ao palácio. As paredes são de obsidiana polida – praticamente dá para ver nosso reflexo nelas. Reparem na altura desses portões automáticos de bronze e nas gravuras elaboradas. Meu pai colocou imagens de quase todo tipo de morte possível para um ser humano. Esta aqui é uma bomba atômica explodindo; ali, uma fileira de vítimas da fome, trincheiras da Primeira Guerra Mundial – pelo que estou vendo, ele não se esqueceu de nenhuma até hoje.
Vejam, este é um jardim especial do Mundo Inferior! Nada aqui precisa de luz natural para crescer – é por isso que temos cogumelos e plantas bioluminescentes, que não precisam de sol. Meu pai cultiva pedras preciosas, em vez de flores. Estes são rubis, isto é um montinho de diamantes – é tão mais fácil que aquelas plantas que precisam ser regadas o tempo todo! Agora, não saiam da linha e façam exatamente o que eu disser, ou podem acabar como uma dessas estátuas à sua volta, presentes de Medusa. Como eu já disse, é melhor não irritar meu pai e os amigos dele.
Este pomar é o jardim de Perséfone. Continuem andando e não toquem naquelas romãs, ou vocês nunca conseguirão sair daqui. Hades só permite grupos turísticos até este corredor, então fiquem juntos e não tentem explorar mais além, a menos que gostem da ideia de ficar presos aqui pelo resto da vida. Conheçam os guardas do palácio, nada passa despercebido por eles. Podem parecer esqueletos, mas conseguem matar tão bem quanto qualquer pessoa viva lá em cima.
Certo, bem, isso meio que completa o passeio de hoje. Sigam-me de volta à entrada e à loja de presentes, onde vocês poderão comprar suvenires de sua visita. E não se esqueçam, o passeio é gratuito, mas a permissão para sair custa cinco dracmas de ouro. Por aqui, para a balsa turística de retorno...”

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